Saúde no Trabalho, Segurança no Trabalho
Condições climáticas extremas no trabalho: Como proteger os trabalhadores do calor extremo
As condições climáticas extremas estão a tornar-se cada vez mais frequentes e representam um risco crescente para a Segurança e Saúde no Trabalho. Em particular, a exposição ao calor extremo pode comprometer significativamente a produtividade e o bem-estar dos trabalhadores, além de aumentar a probabilidade de acidentes de trabalho e doenças profissionais.
Trabalhar em ambientes quentes, seja ao ar livre ou em espaços fechados com fontes de calor, exige medidas preventivas adequadas para garantir a segurança no trabalho.
Impacto do calor no desempenho e na saúde dos trabalhadores
O calor excessivo reduz a capacidade de concentração, gera fadiga e desidratação e pode originar quadros graves de stresse térmico. Além disso, ambientes demasiado quentes contribuem para:
– Aumento de erros humanos e acidentes laborais;
– Agravamento de doenças crónicas (ex.: diabetes, doenças cardiovasculares);
– Absenteísmo e perda de produtividade;
– Potenciação da absorção de substâncias químicas em ambientes industriais.
Legislação e obrigações das entidades patronais
Em Portugal, a legislação laboral impõe a obrigatoriedade de manter condições térmicas adequadas nos locais de trabalho, tendo em conta:
– A natureza da atividade profissional;
– As características do espaço;
– A proteção contra radiações solares diretas e outras fontes de calor.
A utilização de equipamentos de proteção individual (EPI’s) adequados, a existência de zonas de sombra, a ventilação eficaz e o fornecimento de água fresca são medidas fundamentais e legalmente recomendadas.
Stresse térmico: O que é e como identificar
O stresse térmico ocorre quando o corpo não consegue regular a sua temperatura entre os 36ºC e os 37ºC, devido à exposição a temperaturas extremas. Em contexto laboral, pode provocar:
– Fadiga, tonturas, suores intensos, confusão mental;
– Desmaios e até casos de golpe de calor (situação de emergência médica);
– Agravamento de condições pré-existentes.
Os principais fatores que potenciam o stresse térmico em contexto laboral podem ser:
– Temperatura ambiente elevada e humidade relativa;
– Trabalho físico intenso e prolongado;
– Uso de roupas ou EPI’s pouco respiráveis;
– Falta de pausas adequadas;
– Ingestão insuficiente de água fresca.
Como atuar em situações de calor extremo no trabalho?
Em situações de calor extremo no trabalho, é crucial adotar medidas preventivas para garantir a segurança e saúde dos trabalhadores. As medidas a implementar incluem:
– Avaliar se a atividade pode ser adiada ou adaptada;
– Planear a execução da tarefa em períodos do dia com temperaturas mais baixas;
– Garantir pausas regulares em locais frescos ou sombreados;
– Fornecer água potável fresca (entre 10ºC e 15ºC);
– Usar ventilação mecânica e/ou ar condicionado quando possível;
– Formar os trabalhadores para reconhecer os sintomas do stresse térmico;
– Adaptar o ritmo de trabalho às condições ambientais;
– Rever os horários de trabalho e implementar turnos rotativos, sempre que viável.
Aclimatização: Adaptação gradual ao calor
A aclimatização é um processo fisiológico de adaptação do corpo a temperaturas elevadas. É essencial para trabalhadores que:
– Iniciam uma nova função;
– Regressam após períodos de ausência;
– Se deslocam entre zonas com climas diferentes.
O processo deve decorrer durante 7 a 10 dias, com exposição progressiva ao calor. Os seus benefícios incluem:
– Redução do risco de doenças relacionadas com o calor;
– Aumento da tolerância térmica;
– Melhoria do desempenho físico e mental.
Proteção contra radiação solar
Nos trabalhos realizados ao ar livre, a exposição à radiação UV é uma das principais causas de risco. Para uma proteção eficaz recomendamos:
– Usar vestuário com proteção UV, leve e respirável;
– Chapéus com abas largas e óculos escuros com proteção UV;
– Aplicar protetor solar regularmente (mínimo FPS 30);
– Criar zonas de sombra com toldos, tendas ou abrigos;
– Reduzir a exposição solar entre as 12h e as 16h;
– Implementar rotação de tarefas entre ambientes interiores e exteriores.
Riscos associados ao calor excessivo no local de trabalho
Trabalhar em ambientes quentes pode afetar a capacidade de raciocínio e tomada de decisões, aumentando o risco de acidentes. O calor excessivo no local de trabalho pode levar a diversos riscos para a saúde e segurança dos trabalhadores, tais como:
– Desidratação severa: Perda de até 1L de suor por hora sem reposição adequada;
– Trabalho físico intenso: Aumenta a temperatura corporal interna;
– Pausas insuficientes: A recuperação é fundamental em ambientes extremos;
– Exposição direta ao sol: Causa insolação, queimaduras e stresse térmico;
– Equipamento inadequado: Roupas e EPI’s que não permitem evaporação do suor.
Preparar e proteger é fundamental
Num contexto de alterações climáticas e aumento de eventos meteorológicos extremos, as organizações devem investir em boas práticas de Segurança e Saúde no Trabalho, adaptadas às novas exigências ambientais.
A prevenção começa com a informação, planeamento e formação. Implementar medidas de aclimatização, garantir pausas, fornecer água, adequar os EPI’s e criar zonas de sombra são ações essenciais para assegurar a saúde, segurança e bem-estar dos trabalhadores em ambientes de calor intenso.
Se necessitar da nossa ajuda na implementação de medidas para mitigar os riscos provocados nos trabalhadores devido ao calor extremo, fale connosco.